Dados do Trabalho
Título
Elastografia transitória e de cisalhamento no diagnóstico da síndrome de obstrução sinusoidal em pacientes submetidos a transplante de células-tronco hematopoéticas: uma revisão sistemática e meta-análise.
Descrição sucinta do(s) objetivo(s)
A síndrome de obstrução sinusoidal (SOS) é uma complicação grave e relativamente rara do transplante de células-tronco hematopoéticas (TCTH). O diagnóstico precoce é essencial para melhor prognóstico. Este estudo avalia a acurácia da elastografia transitória e de cisalhamento na detecção precoce de SOS, com ênfase em parâmetros como velocidade de cisalhamento e rigidez hepática.
Material(is) e método(s)
As bases de dados MEDLINE, EMBASE e Cochrane foram sistematicamente acessadas em busca de estudos que empregaram elastografia (transitória ou de cisalhamento) em pacientes pós-TCTH e que relataram qualquer um dos seguintes resultados de interesse: (1) medida da velocidade de cisalhamento (shear wave velocity- SWV) pré-transplante e (2) seu valor após transplante, na vigência clínica de SOS, (3) valores de rigidez hepática antes do transplante e (4) sua medida aferida em pacientes com suspeita de SOS, assim como (5) incidência de alterações na ultrassonografia convencional. “Software R” (versão 2024.04.2+764) foi utilizado para a análise estatística. A heterogeneidade foi avaliada pelo modelo estatístico I2. A ferramenta “QUADAS-2” avaliou o potencial viés em cada estudo selecionado. O estudo foi registrado na plataforma PROSPERO (International Prospective Register of Systematic Reviews) sob o número CRD42024608596.
Resultados e discussão
Dez estudos, publicados entre 2019 e 2024, foram incluídos, totalizando 589 pacientes, dos quais 100 desenvolveram SOS. Pacientes com SOS apresentaram aumento significativo na velocidade de cisalhamento (95% CI 1,3-7,1; p<0,01; I²=99%). A rigidez hepática também apresentou diferença estatisticamente significativa (95% CI 3,9-28,0; I2=91%, p<0,01). A ultrassonografia convencional mostrou hepatomegalia em 93,1% dos casos (95% CI 74,9-99,8; I2=86%), ascite em 81,4% (95% CI 59,9-95,8; I2=88%), espessamento das paredes da vesícula biliar em 62,6% (95% CI 24,8-93,1; I2=92%) e redução do fluxo na veia porta em 31,6% (95% CI 10,2-58,2; I2=64%). O risco de viés foi alto em diversos estudos, principalmente devido à seleção de amostras e variabilidade metodológica.
Conclusões
A elastografia apresenta potencial como ferramenta diagnóstica para SOS, oferecendo a possibilidade de detecção precoce. Entretanto, a alta heterogeneidade e o risco de viés limitam os achados. Estudos futuros são necessários para confirmar sua aplicabilidade clínica.
Palavras Chave
Elastografia Hepática; Meta-análise; Síndrome de Obstrução Sinusoidal
Arquivos
Área
Abdominal/ Trato Digestório
Instituições
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo - São Paulo - Brasil, Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora - Minas Gerais - Brasil
Autores
LETÍCIA HELENA KAÇA DO CARMO, MARIA TAMYRES DE CARVALHO FREITAS, RAFAELLA BARATTA COLLA , TATIANA YUMI BANDO, MATHEUS MARTINS DE ANDRADE, PHILIPE DINIZ BOUD'HORS , MATHEUS MENDONÇA VIEIRA CIPRIANO, SARAH VERDAN MOREIRA, VALDAIR FRANCISCO MUGLIA, JORGE ELIAS JUNIOR