Dados do Trabalho


Título

EDEMA AGUDO DE PULMÃO NÃO-CARDIOGÊNICO ASSOCIADO AO USO DE PROPOFOL - UM ENSAIO PICTÓRICO DE CASOS

Introdução e objetivo(s)

Propofol é um agente anestésico intravenoso com efeito hipnótico e sedativo utilizado para a indução e manutenção da anestesia geral em cirurgias. As reações adversas mais reportadas estão relacionadas a efeitos comuns a agentes anestésicos, como dor no local da injeção, hipotensão, bradicardia, apneia transitória, náusea, vômitos e cefaleia, geralmente leves e transitórias. Edema pulmonar agudo (EAP) após administração do propofol é muito raro (< 1/10.000), com cerca de uma dezena de casos relatados na literatura. Sua patogênese é incerta, sendo a reação alérgica anafilactóide a hipótese principal. O anestésico contém moléculas potencialmente alergênicas, que podem desencadear reação anafilactóide, aumentando a permeabilidade vascular e resultando em EAP. Relatamos três casos em que a administração de propofol esteve associada ao desenvolvimento de EAP não cardiogênico, atribuível à Síndrome da Angústia Respiratória Aguda (SARA).

Método(s)

Ensaio pictórico com casos do nosso departamento de Radiologia Torácica, incluindo imagens de tomografia computadorizada (TC) e dados clínico-laboratoriais.

Discussão

Descrevemos os casos de três pacientes adultos jovens, sem comorbidades significativas prévias, submetidos a cirurgias eletivas de pequeno porte com administração de propofol durante a indução anestésica, que desenvolveram no transoperatório ou no pós-operatório imediato sinais e sintomas incluindo rash cutâneo, tosse, dispneia, hipoxemia e dessaturação. Os achados de imagem eram compatíveis com quadro de congestão pulmonar não cardiogênica, presumivelmente por aumento da permeabilidade capilar
pulmonar (SIRS/SARA), caracterizados por extensas opacidades consolidativas e com atenuação em vidro fosco predominantemente nas regiões medulares de ambos os pulmões. O padrão de EAP desenvolveu-se entre 30 minutos a quatro horas após a indução anestésica, com graus variados de insuficiência respiratória e necessidade de ventilação mecânica. Houve melhora clínica e radiográfica em até cinco dias com a instituição de medidas intensivas, incluindo cortico e diureticoterapia, corroborando a suspeita clínica de EAP fármaco-induzido.

Conclusões

A patogênese incerta e o desconhecimento de fatores de risco impossibilitam a implementação de medidas preventivas ao desenvolvimento de EAP associado ao uso de propofol, sendo imprescindível a vigilância do paciente e atenção a sinais que possam indicar disfunção pulmonar. O reconhecimento e o tratamento precoces são essenciais para reverter esta complicação.

Palavras Chave

Propofol; Edema agudo.

Arquivos

Área

Tórax

Instituições

SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE PORTO ALEGRE (UFCSPA) - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

LUCAS LEIMIG TELLES PARENTE, LUCIANA ROSÉS RIZZON, FABRÍCIO MARQUES CORRÊA, MARIANA SBARAINI, PAULA FÜHR, ANA PAULA GARCIA SARTORI, BÁRBARA HUNHOFF, THIAGO KRIEGER BENTO DA SILVA