Dados do Trabalho


Título

MIELOPATIA INDUZIDA POR METOTREXATO INTRATECAL

Descrição sucinta do(s) objetivo(s)

Descrever os achados imaginológicos da mielopatia induzida pela administração intratecal do metotrexato, uma complicação incomum decorrente da utilização desse medicamento como agente quimioterápico.

História clínica

Paciente do sexo masculino, 58 anos, diagnosticado com Linfoma de Burkitt há sete meses, com invasão da medula óssea e múltiplas lesões ósseas, sem invasão do sistema nervoso central. Em tratamento com esquema quimioterápico intratecal de Metotrexate, Citarabina e Dexametasona (MADIT) e intravenoso de Ciclofosfamida, Vincristina, Doxorrubicina e Dexametasona (hyper-CVAD).
Iniciou quadro progressivo de paraparesia leve e parestesia de membros inferiores (MMII), juntamente com instabilidade na marcha e dificuldade miccional, iniciando-se após a sexta sessão de quimioterapia, há três meses. Ao exame físico apresentava paraparesia proximal de MMII, parestesia com nível sensitivo em T10, anestesia profunda nos MMII e reflexo de Babinski presente bilateralmente. Ressonância nuclear magnética (RNM) da coluna torácica revelou hiperintensidade longitudinalmente extensa na sequência T2 nas colunas medulares posteriores, sem efeito expansivo. Nos exames laboratoriais não apresentava níveis séricos baixos de vitamina B12 ou folato.

Discussão e diagnóstico

O metotrexato é uma droga antineoplásica classificada como análogo ao ácido fólico. Seu uso, especialmente via intratecal, é associado a neurotoxicidade, sendo a leucoencefalopatia sua forma mais comum, e a mielopatia uma manifestação rara. A RNM normal não exclui o diagnóstico da mielopatia induzida por metotrexato, especialmente em fase inicial, e os achados de imagem típicos mimetizam a degeneração combinada subaguda da medula, com hipersinal bilateral e simétrico das colunas medulares posteriores. A contagem sérica de vitamina B12 normal e a relação temporal com a quimioterapia auxiliam na diferenciação destas entidades. A deficiência de cobre também pode manifestar-se com mielopatia, apresentando características de imagem semelhantes. O quadro clínico tipicamente envolve parestesia dos MMII, paraparesia, déficit sensitivo e disfunção urinária e fecal. Muitos dos casos não apresentam reversão sintomatológica e o tratamento baseado na suplementação de metabólitos do folato pode ser uma estratégia promissora.

Conclusões

O médico radiologista, tendo familiaridade com sua manifestação radiológica, desempenha papel crucial no diagnóstico precoce e acurado dessa condição. Isso possibilita ajustes no esquema quimioterápico e, se necessário, a implementação de tratamento específico, visando prevenir a ocorrência de toxicidade adicional em pacientes submetidos a essa terapia.

Palavras Chave

Metotrexato; Mielopatia; neurorradiologia

Arquivos

Área

Neurorradiologia

Instituições

HC-UFPR - Paraná - Brasil

Autores

VICTOR MATHEUS DA SILVA, AMANY HATAE CAMPOVILLE, ANNA GABRIELA DOS SANTOS SOUZA, BERNARDO BERNARDO CORREA ALMEIDA TEIXEIRA, EDUARDO RAMOS SAMPAIO, FÁBIO HENRIQUE BENTO DA COSTA, GABRIEL SILVA ELI, MATHEUS HIDEKI TABORDA, NATHÁLIA LUIZA FERRI BONMANN, RAUL EMANOEL SILVA