Dados do Trabalho

Título

Osteomielite crônica multifocal recorrente: O Olhar Radiológico para uma Doença Inflamatória Incomum

Descrição sucinta do(s) objetivo(s)

Osteomielite crônica multifocal recorrente (OCMR) é uma doença inflamatória rara, não infecciosa, que afeta predominantemente crianças e adolescentes, cujo diagnóstico precoce é fundamental para o tratamento adequado. Este trabalho oferece uma abordagem educacional abrangente voltada ao radiologista, destacando os principais aspectos da doença, suas implicações clínicas e achados de ressonância magnética (RM).

História clínica

Paciente HFC, 13 anos, praticante de futebol, apresenta artralgias recorrentes e migratórias. Antecedente de osteomielite subaguda tratada, sem etiologia infecciosa definida. Durante 3 anos, realizou exames de RM dos joelhos, tornozelos e ombros, que evidenciaram edema ósseo metafisário bilateral e simétrico. Evoluiu com períodos de remissão parcial e recorrência nesse período. Uma vez levantada a possibilidade de OMCR, foi submetido a RM de corpo inteiro.

Discussão e diagnóstico

Achados imaginológicos da OCMR são sugestivos, mas não patognomônicos. Acometimento metafisário, simétrico e bilateral, com identificação de focos adicionais afetados, favorece o diagnóstico, especialmente em locais típicos. OCMR é o diagnóstico mais comum para envolvimento do terço medial da clavícula em todas as idades, sendo sítio atípico de acometimento para osteomielite hematogênica, um dos principais diagnósticos diferenciais. Ossos longos e clavículas são mais comumente acometidos, com possível envolvimento da coluna, pelve, articulações sacroilíacas, costelas, esterno, escápula, mandíbula, mãos e pés.

Radiografia pode evidenciar lesões líticas adjacentes à placa de crescimento nas fases iniciais. A RM, contudo, apresenta maior sensibilidade para a detecção de atividade da doença, sendo mais adequada para diagnóstico e acompanhamento. Observa-se edema ósseo na fase inflamatória, acompanhado de periostite, inflamação dos tecidos moles e doença transfisária, com valor prognóstico importante na identificação de pacientes em risco para deformidades ósseas. Embora possa ser observado derrame, espessamento sinovial e destruição osteocondral, é necessário atentar-se para diagnóstico diferencial com osteomielite infecciosa.

Anti-inflamatórios não esteroides, corticosteroides, bifosfonatos e drogas modificadoras da doença são a base do tratamento. Não se observa resposta significativa à antibioticoterapia.

Conclusões

Salienta-se a importância do radiologista na suspeita clínica da doença, dada a ausência de marcadores biológicos específicos e evolução clínica insidiosa. O diagnóstico final é de exclusão e, quando precoce, reduz a antibioticoterapia desnecessária, necessidade de biópsia e evita exposição do paciente à radiação por múltiplos exames de imagem.

Palavras Chave

pediatria; Ressonância magnética

Arquivos